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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

10 Erros dos Quadrinhos a Respeito das Mulheres

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10 Erros dos Quadrinhos a Respeito das Mulheres



Histórias em quadrinhos podem transportar os leitores a mundos além da imaginação, superando games e filmes na quantidade de coisas malucas que podem representar. Embora essas duas formas sejam temperadas por orçamentos obscenos e pelas coisas que você pode mostrar fisicamente com uma combinação de dublês e CGI, os únicos limites dos quadrinhos são os que podem ser desenhados.

E, no entanto, nesta forma de infinitas possibilidades, os quadrinhos erram muito. E os quadrinhos de super-heróis tradicionais são terríveis quando se trata de mulheres.
As coisas certamente melhoraram, visto que a Ms Marvel e a Batgirl se comunicam diretamente com o público feminino jovem e com o surgimento de roteiristas mulheres, mas esses são exemplos recentes e que não descartam muitos erros grosseiros que ainda são cometidos.
Ainda há um monte de problemas quando se trata da narrativa, das ilustrações, interpretações e do público. Aqui estão 10 Erros dos Quadrinhos a Respeito das Mulheres.

1. Não há problema em casamento

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Esta é uma falsidade particular, que está se espalhando por todos quadrinhos de super-heróis modernos, onde personagens femininas são mantidas apenas como interesses amorosos. E depois de muitas polêmicas e manifestos, os editores passaram a achar que casais heterossexuais casados ​​não são interessantes – o que eles têm na cabeça, afinal?
E o mesmo vale pros casamentos homossexuais. A DC causou uma enorme controvérsia decretando que a Batwoman não poderia se casar com sua namorada de longa data e o editor-chefe ainda argumentou: não era homofobia, ele não permitiria quaisquer personagens se casarem durante seu mandato porque ele achava que isso seria tedioso.
O mesmo pensamento se passou pela Marvel, fazendo o Homem-Aranha se divorciar da sua esposa de longa data – a própria Mary Jane – porque pensaram que, pela idade do personagem, ele teria histórias mais interessantes se fosse solteiro. Quer dizer que casamento nunca contém qualquer drama? Ou isso é só preguiça de desenvolver um bom enredo romântico?

2. Qualquer coisa que Greg Land faz

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Apesar de ser quase universalmente insultado por sua arte estática, Greg Land continua a ser contratado. Bem, a razão pela qual ele continua sendo contratado é porque ele consegue produzir de forma confiável e dentro do prazo – um reconhecidamente impressionante no mundo dos quadrinhos -, mas a razão pela qual ele pode fazer isso é porque sua obra é tremendamente simplória. E frequentemente pornográfica.
Claro, ele trabalha principalmente pra Marvel, por isso seu trabalho não é pornô real. Mas quase todo o trabalho de Land é produzido contornando imagens de filmes e uma quantidade significativa de seus rostos femininos, poses e afins claramente vêm da pornografia. A não ser que a She-Hulk realmente grite em êxtase quando se dirige pra batalha.
O que é mais irritante é que a Marvel continua colocando Land em quadrinhos destinados às mulheres: primeiro Mighty Avengers e, em seguida, Mulher-Aranha, que já tinha problemas suficientes com arte sexista terrível. Esse cara é um porco.

3. Mulheres não precisam morrer para dar motivação aos homens

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Infelizmente este é um problema que existe na ficção em geral, mas é bem recorrente nas histórias em quadrinhos. Como no incidente em que a namorada do Lanterna Verde foi assassinada por um supervilão, desmembrada e seu corpo foi preservado numa geladeira pra ele encontrar.
Foi desnecessariamente cruel e serviu apenas pra dar a motivação pra ir derrubar esse malfeitor – esse foi só um caso entre dezenas de outros. Mesmo Gwen Stacy é um exemplo.
Sua morte nas mãos do Duende Verde é uma história icônica e uma que assombrou o Homem-Aranha por anos, mas era totalmente desnecessário. O tio morto não era motivação o suficiente pra lutar contra o crime pro resto da vida? Usar a morte de personagens femininas como um ponto de virada num mundo onde a violência contra as mulheres é uma epidemia é, na melhor das hipóteses, bobo – e até prejudicial. Enquanto isso, dezenas de personagens inúteis ficam vivos ou são ressuscitados a troco de nada.

4. Poucas heroínas têm habilidades físicas

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A distribuição de poderes nos quadrinhos depende fortemente do tipo de personagem. Personagens negros parecem ser predominantemente abençoados com habilidades que envolvem o controle de eletricidade – e encarnam diversos esteriótipos racistas.
As mulheres, por sua vez, raramente recebem qualquer tipo de impulso físico. Basta pensar em quantas super-heroínas super fortes existem em comparação com as que possuem algum tipo de habilidade psíquica – metade das mulheres que estiveram no X-Men – ou qualquer outra coisa que não envolve habilidades físicas – Quarteto Fantástico teve um homem que poderia esticar, um que pegava fogo, outro feito de rochas e uma menina invisível.
Isso não quer dizer que não exista qualquer mulher forte nos quadrinhos de super-heróis, como a Grande Barda, a She-Hulk e a Mulher-Maravilha. É que elas são a minoria e sugerem que as mulheres são criaturas pequenas e delicadas.

5. Os trajes

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Um dos argumentos mais populares e totalmente problemáticos a cerca dos super-heróis é que os personagens são desnecessariamente esbeltos e/ou musculosos. E isso vale pros heróis fisiculturistas tanto quanto pras mulheres supermodelos em trajes sumários.
Não há nada mais machista do que um mundo de homens musculosos cercados de mulheres gostosonas. Pelo menos os homens usam mais do que trajes de banho pra combater o crime!
A maioria dos homens só exibe o rosto – ou até menos. Pra que a Viuva Negra exibe do pescoço até o umbigo? É porque ela é tão ágil que não tem medo de levar um tiro na barriga ou porque foi um idiota que a desenhou? Se o decote da Poderosa é só um detalhe, por que o Superman não tem um igual? Eles são, basicamente, o mesmo personagem, apenas com gêneros diferentes.

6. Elas não estão interessadas só ​​em quadrinhos de romance, mangas etc

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Parece que as grandes editoras concluíram que as mulheres preferem ler outras coisas. Apesar dos quadrinhos da década 30 tenham sido lidos por um público diversificado, isso foi quebrado e as meninas foram basicamente forçadas a ler quadrinhos de “romance” – terríveis.
Essa atitude continua até os dias de hoje, mas os caminhos das leitoras mudaram. Em vez de empurrá-las pro falecido setor de quadrinhos de romance, foi sugerido que elas encontrariam algo no mercado de mangas florescentes. Se isso falhar, certamente quadrinhos independentes e pequenas editoras terão um monte de material pras mulheres, certo?
Esse não é o ponto. Sim, é legal que haja um trabalho sendo produzido prum público diferente fora das grandes editoras de super-heróis. Mas segregar os gêneros dessa maneira – sendo que as revistas de super-heróis ainda são as mais famosas – não ajuda ninguém.

7. Ser Progressista

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Recentemente, a Marvel e a DC têm feito alguns avanços definitivos na direção certa pra diversidade, com a Marvel impressionando com a Miss Marvel, Capitã Marvel e A-Force: todos quadrinhos sobre personagens femininas, predominantemente com roteiristas do sexo feminino. Movimentos progressistas que envolvem representações progressistas de personagens femininas é uma ótima notícia.
O que não é ótimo é quando as roteiristas continuam a vender a mesma porcaria machista que alienou um monte de leitoras. Acaba que elas erguem a bandeira “progressista” pra defendê-las da própria audiência progressista! Talvez elas não tenham percebido, mas é o que estão fazendo.
O pior exemplo provavelmente é a maneira como a Estelar foi tratada no reboot do universo DC, transformanda de uma de suas personagens femininas mais interessantes e cheias de nuances numa ninfomaníaca pneumática que dorme com qualquer um. E eu não preciso nem comentar que ela aparece seminua em praticamente todas as edições.

8. Seios

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Enquanto muitos quadrinhos erram com as mulheres desde a concepção das personagens – como já foi dito algumas vezes anteriormente -, praticamente todos erram na anatomia dos seios.
E essa é uma questão que atormenta todas as mídias, principalmente os games, onde a física e a gravidade parecem existir pra valorizar o líbido. Nos quadrinhos, por sua vez, a questão é mais a anatomia e o tamanho.
Quem nunca viu elencos inteiros de personagens femininas onde todas pareciam prontas pro Carnaval carioca – independente de haver adolescentes no meio ou não -, com seus seios aparentemente saindo de seus ombros, ou tão inchados que encostavam quase no umbigo? Onde será que esses ilustradores estudaram anatomia?

9. Na verdade, anatomia é um grande problema

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Não que as queixas parem acima da cintura. A anatomia de personagens masculinos em quadrinhos é, novamente, muitas vezes ruim. Quase todos tem o tipo de físico que os fisiculturistas invejariam, mas pelo menos eles ainda se parecem humanos. É exagerado, mas ainda é minimamente realista.
Com base em muitas artes dos quadrinhos de super-heróis modernos, entretanto, todas as mulheres têm seios enormes, embora sem uma cintura que pareça sustentar tanto peso, e têm colunas super fortes e maleáveis que podem ser contorcidas de tal forma que o público pode ver seios e bunda simultaneamente.
Caso você não sabia, isso é muito impossível. Deve-se notar que algumas mulheres realmente se parecem com as personagens dos quadrinhos. Mas nem todas as mulheres se parecem e ter alguma heroína que não seja uma mulher fruta não faria mal a ninguém.

10. Achar que as mulheres não leem quadrinhos

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Todos esses problemas são sintomáticos de um maior: a suposição de que as mulheres não leem quadrinhos. Essa é a mentalidade segundo a qual a maioria dos títulos de super-heróis foram produzidos pela metade do século passado.
Se você pensar bem, isso é realmente incompreensível. Isso significava que os últimos 50 anos – ou mais – de histórias em quadrinhos foram feitos com o público masculino em mente, o que reduziu quase todas as personagens femininas a elenco de apoio, o que gerou a falta de uma anatomia realista e o sexismo generalizado na indústria e na cultura. Mas uma coisa não justifica a outra!
As mulheres sempre estiveram envolvidas com os quadrinhos convencionais, como fãs, roteiristas e mais: elas não são minoria, é sério, 50% dos leitores de quadrinhos são mulheres. A cultura e as lojas podem tentar repeli-las, mas elas perseveraram.
As coisas estão mudando, mas esta continua a ser a questão onde os quadrinhos mais erram. Agora que os editores perceberam que estavam ignorando toda uma audiência, talvez isso mude.

http://www.einerd.com.br/quadrinhos/10-erros-dos-quadrinhos-respeito-das-mulheres/

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